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Nós (1º Delírio de Ariel)
Na solitude do eu,
Busco encontrar o talvez nós.
No silêncio dessa noite,
Conduz-me mal do século.
Eis que se faz o delírio.
Lhe vejo, minha musa torta
Mais bela que mil retas.
E por ti caio de amores
Fingindo ignorar as dúvidas,
De não saber se sou para ti.
Não sou herói de romances,
sou a pobre mente por trás deles.
Não sou boêmio de bares,
mas poeta perdido dentre lares.
São essas paredes que me acolhem,
quando a dor me suprime o ego.
Ao som de qualquer acorde,
De melodia triste ou sádica.
Te vi em um sonho e foi bom.
Invadistes minha mente, linda menina.
Teus erros me seduziram,
Ainda que não saiba,
Se sou eu para ti.
Sou louco, e sempre fui.
Agora minha loucura se faz em ti.
E a cada tropeço,
Minha musa de erros,
Lhe dou meus acertos.
Doce delírio,
Vã ilusão.
Quem sabe possamos um dia acertar,
Ou erro mais uma vez, meu amor.
O erro de nossas vidas,
Que erremos juntos.
Que sejamos nós.
Nós...
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Alucínio (2º Delírio de Ariel, Post Factum)
Uma caneta e um papel.
Distraio-me.
Faço-me anjo querubim,
imagem pura, mística.
Distraio-me.
Faço-me vil figura.
Encharco-me do sangue de inimigos,
Servido em cálice de crânio.
Distraio-me.
Acuso-me dos males do mundo.
Dou minha própria
sentença, a morte.
Morro de morte matada,
Nocauteio a mim mesmo.
E sangro, inútil.
Num abismo sem fim, caio.
Me vejo no centro da Terra.
Percebo-me carregando o mundo.
Ele pesa mais que mil planetas.
Minhas costas ardem.
Vejo o papel que presto,
e a dor que provém dele.
Quero largá-lo,
Mas temo que se machuque.
Me vejo só.
Uma praia me rodeia.
Sou Ícaro.
Despido, encaro o Sol.
Visto minhas asas,
e cego parto rumo a meu objetivo.
Derretem-se, se desfazem.
Mais uma vez, caio.
Estou em mim.
Vejo o papel que me presto.
E sangro, inútil.
Cego de amor.
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